Apesar das numerosas e graves acusações de tortura, nunca chegou a ser julgado.

Nesta quinta-feira faleceu em Madri aos 73 anos o ex-polícial Juan Antonio González Pacheco, conhecido como ‘Billy el Niño’, em uma clínica onde estava sendo atendido por ter contraído o covid-19, a doença provocada pelo novo coronavírus.
González Pacheco era um dos maiores símbolos da repressão franquista contra a oposição no final do regime e em plena transição. Foi acusado em numerosas ocasiões de graves torturas, embora a prescrição dos crimes tenha impedido que nunca chegasse a sentar-se no banco dos réus, contudo suas presumíveis vítimas, estimadas em centenas, ainda tivessem a esperança de que fosse julgado.
Conta-se com numerosos testemunhos vítimas de espancamentos e humilhações enquanto esteve destacado na Brigada Político-Social (BPS), a Polícia secreta política criada na Espanha durante a ditadura de Francisco Franco, que após a morte do ditador, Em 1978, reconverteu-se na Brigada Central de Informação, da qual ‘Billy el Niño’ continuou a fazer parte. Entre estes testemunhos contam-se o do conhecido jornalista Paco Lobatón e o do euro-deputado Willy Meyer.
Por seus “serviços extraordinários” durante sua carreira, González Pacheco havia sido condecorado com quatro medalhas (em 1972, 1977, 1980 e 1982), todas elas providas de um complemento econômico em sua pensão. O Governo de Pedro Sánchez comprometeu-se a retirar-lhe esses reconhecimentos, embora ainda não o tivesse feito devido às dificuldades legais.
Em 2010 um tribunal da Argentina admitiu uma processo para investigar os crimes de lesa humanidade cometidos durante a guerra civil espanhola e a ditadura franquista. A magistrada María Servini de Cubría conduziu a investigação e chegou a emitir um mandado de detenção internacional contra quatro torturadores da ditadura, entre os quais se encontrava ‘Billy el Niño’, mas não foi atendida pela Justiça espanhola.
Fonte: RT